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SOU ESCRITORA. "MAS VOCÊ TRABALHA COM QUÊ?"
 

 

Resolvi escrever esta crônica pois, em uma conversa informal com uma prima, ela perguntou:

— Má, você está trabalhando?

— Sim, sou escritora.

— Ah, eu sei, seus livros. Mas digo, um trabalho.

— Então, sou escritora.

 

 

 

Sou formada em Comunicação Social com especialização em Jornalismo, e atuei nessa área por mais de vinte anos. Escrever sempre foi minha paixão e, como sempre busquei novos caminhos nesse segmento, resolvi dedicar-me à literatura.

 

Participei de várias antologias, publiquei dois livros, estou terminando o terceiro e deparei-me com uma realidade muito difícil: vender livros no Brasil não é fácil. E, provavelmente, escritor(a) não é considerada profissão, e sim um hobby por muitas cabeças pensantes.

 

Acredito que, após ouvir essa afirmação da minha prima, caiu a ficha! Tinha a esperança de jogar a semente e colher bons frutos. Meus livros recebem elogios de diversas partes do Brasil e do exterior, mas as vendas ainda não são um sucesso.

Um fato relevante é que a maioria das vendas não foi realizada por meu círculo de amigos e parentes, mas por desconhecidos. O lado bom é que fiz novos amigos e conheci pessoas que gostam e valorizam meu trabalho como escritora.

 

Muitos do meu círculo pediram o livro de presente. E eu explicava que esse era meu ganha-pão da seguinte forma:

— Imagina que você trabalha o mês inteiro e, no dia do pagamento, seu chefe diz: como você é meu amigo/parente, não vou te pagar. Fica como presente seu para mim!

 

E eu ouvia a seguinte resposta:

 

— Ah, mas essa situação é diferente. Eu trabalhei o mês inteiro.

 

Então, eu desisti de tentar explicar e silenciei-me. Diante desse cenário, comecei a comparar e, se você parar para pensar, um livro pode custar menos que uma pizza — e o destino da pizza todos sabem… Já o livro estará sempre ali, à espera de ser folheado.

 

Só pelo fato de você não bater cartão e não ter de percorrer quilômetros para chegar ao seu destino no trabalho, não quer dizer que você não trabalha.

 

A verdade é que o “padrão” está tão incutido na cabeça das pessoas que qualquer coisa que saia da rotina, da regra, parece não estar certa. Parece não fazer sentido, parece não ter valor.

 

O escritor é um profissional que dedica seu tempo para criar histórias que nos fazem viajar, sorrir, sofrer, amar, pensar, entre tantas outras coisas. Um profissional solitário que cresce e envelhece usando seu tempo para repartir, com milhares de outras pessoas espalhadas pelo mundo, suas inspirações.

É claro que nem sempre um escritor agradará a todos. Até mesmo os mais famosos recebem críticas negativas. Mas sempre haverá aqueles que amarão sua escrita.

 

Ser escritor é se expor sem medo, é um derramar de sentimentos, é deixar um pouco de si em cada linha, em cada livro, em cada história.

 

Minha profissão: escritora, com muito orgulho!

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