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VENCIDA POR UMA XÍCARA DE CAFÉ

Eu sou apaixonada por café e não fico sem tomar algumas xícaras todos os dias. O aroma, o sabor e aquela sensação ao degustar um café são maravilhosos. O meu tem que ser puro e sem açúcar. Hoje em dia, há vários tipos de café para todos os gostos e bolsos.

Falando em bolso, você já parou para pensar quanto gasta por ano com cafezinhos?

Sinceramente, eu me sinto assaltada ao pedir um café no balcão. O mínimo que se paga por um café espresso é R$ 9,00 por 40 mL de café. Dessa forma, o litro sairia por R$ 360,00, sendo que, para fazer 1 litro, consome-se 175 g. O problema é que 500 g do café está entre R$ 34,99 e R$ 58,90. Nessa faixa estão os fortes, extrafortes, a vácuo, entre outros. Não estou falando dos cafés gourmet — aí é outra história, e já não seria assalto, seria arrastão.

 

É claro que, ao pararmos para tomar uma xícara de café, há todo um momento envolvendo a ação, o que a torna muito atrativa. E eu, a chata da história. Afinal, quem quer saber quanto gasta por ano com cafezinhos? Provavelmente eu e mais umas duas pessoas ao redor do mundo. Mas a questão é intrigante, e até montei uma tabela para mostrar que minha teoria faz sentido. Ela está no final do texto. Mas calma, não me abandone, preciso desabafar…

 

Eu tentei elaborar uma técnica para resistir ao impulso de comprar um cafezinho. Porém…

Ao entrar no café, o aroma me domina, minha boca está aflita por receber essa deliciosa iguaria. Então, começo a pensar nas contas que tenho de pagar: no seguro saúde, no IPTU, no seguro do carro, no seguro da casa, na conta do cartão de crédito… Nesse momento, parece que estou imunizada e que meus pensamentos me protegem. Porém, ao me dar conta, apesar de minha mente estar tentando me distanciar da tentação, meu olfato está completamente dominado pelo aroma do café. Pronto, tudo foi por água abaixo. Vencida por uma xícara de café!

 

Afinal, alguém sabe como resistir a esse delicioso prazer? Se souber, por favor, revele essa preciosa informação!

 

Diante da minha necessidade por entender melhor a discrepância de preços, realizei uma pesquisa em algumas cafeterias. O resultado mostrou que o Brasil aplica valores mais altos em relação aos outros, com exceção de Hong Kong.

[1] Preços do café curto – 40ml

Hong Kong – $ 40 (Café Circles) – R$ 27,52

Nova Iorque – $ 3,75 (Little Collins) – R$ 20,03

Melbourne – $ 4,30(Roule Galette) – R$ 15,15

Roma – € 2,20 (Sciascia Caffè) – R$ 13,85

Lisboa – € 1,00 (Maria Limão) – R$ 6,29

São Paulo – R$ 9,00 (Urbe Café)

Santana de Parnaíba – R$ 7,00 (Andrea Doces)

A conversão é apenas para mostrar quanto gastaríamos em cada país. Porém, para efeito de valores justos ou não, acredito que não devemos converter, pois nossa moeda é o real e cada país tem a sua moeda e seu custo de vida específicos.

Em uma pesquisa realizada pela empresa [2] Mercer, em 2024, Hong Kong aparece em 1º lugar no ranking das cidades com os custos de vida mais altos do mundo. Nova Iorque em 7º, São Paulo em 124º e Rio de Janeiro em 150º. Segundo a pesquisa, não estamos no topo da lista, mas o preço do cafezinho não acompanha essa lógica.

 

É evidente que, ao redor do mundo, há diversidades culturais, demandas específicas de cada região, mas o cafezinho é consumido amplamente — e como justificar preços tão discrepantes?

 

E tem mais: o preço do café – 500 g — pode variar entre R$ 34,99 (moído) e 58,90 (grão), média pesquisada na rede [3] Pão de Açúcar, um dos supermercados que praticam os preços mais altos do segmento.

 

Exemplos:

Café Torrado e Moído CABOCLO Pacote 500 g: R$ 34,99

Café Torrado e Moído PILÃO Pacote 500 g: R$ 38,99

Café Torrado e Moído BRAVO Pacote 500 g: R$ 45,49

Café em Grãos Torrado CONSTANTINO Pacote 500 g: R$ 58,90

Portanto, vamos voltar à matemática do café.

Se: 7 g = 40 mL = 1 café curto = R$ 9,00

500 g = 2857 mL = 71 cafés curtos = R$ 639,00

500 g = R$ 46,94 (média entre R$ 34,99 e R$ 58,90)

Lucro = R$ 592,06

Gasto com o pó/grão de café = R$ 46,94

 

O lucro é superior a 1.000% e, para piorar um pouco, usei uma média de custo alta. Os proprietários de café compram a um preço bem mais barato. Assim, o lucro é ainda maior. Claro que temos de descontar os gastos com energia, água, manutenção da máquina de café espresso, impostos [4] (16% a 20%), entre outras coisas. Porém, uma cafeteria diluirá esses gastos com outros produtos vendidos no local. O desconto real é o imposto. Mesmo assim, um cafezinho no Brasil vale ouro!

Será que agora você consegue entender meu ponto de vista? Por que aceitamos pagar tão caro?

 

Eu me declaro culpada!

 

Afinal, alimento os preços abusivos do café ao consumi-lo. Mas como resistir? Volto ao questionamento: você já parou para pensar quanto gasta anualmente com cafezinhos? Muitos podem dizer: “Mas qual a graça de ganhar e não poder gastar?”. Concordo. A questão é outra: será que não estamos sendo explorados? Será que não dava para praticar preços mais baixos? Estamos falando de um café curto, simples.

 

Para finalizar, sinto lhe informar, mas o Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo. Do mundo, exato, você leu certo! Então, os preços deveriam ser mais baixos, certo? Errado, pois não é o que se pratica.

 

Apesar de me sentir a chata dessa história, continuo a acreditar que a discussão vale a pena. Já estou pesquisando uma máquina de café espresso — talvez seja uma saída. Mas até lá…

 

E aí, vai um cafezinho?

[5] História do Café

Ao pesquisar na internet sobre a história do café, encontrei dados contraditórios. Alguns defendem que não há como identificar a data correta da descoberta e consumo do café e que a história sobre o pastor e suas cabras — estas as primeiras a experimentarem a iguaria — não existe. Como a maioria citou a mesma data, resolvi apostar que essa informação seja a correta.

 

Portanto, segundo minhas pesquisas, a história do café começou há doze séculos. Originário das terras altas da Etiópia (possivelmente com culturas no Sudão e Quênia), conquistou o mundo através do Egito e da Europa. Apesar de muitos acreditarem, a palavra “café” não é originária de Kaffa — local de origem da planta —, e sim da palavra árabe qahwa, que significa “vinho”, devido à importância que a planta passou a ter para o mundo árabe.

 

Porém, alguns árabes consideravam suas propriedades contrárias às leis do profeta Maomé. No entanto, segundo os escritores da época, logo o café venceu essas resistências e até os doutores maometanos aderiram à bebida para favorecer a digestão, alegrar o espírito e afastar o sono.

 

Em 1727, por meio dos franceses, o café foi introduzido na América do Sul. Na década de 1770, chegou ao Rio de Janeiro, local com condições favoráveis e que lhe proporcionou uma incrível adaptação do cultivo.

 

No final do século XIX, no Oeste Paulista, produzia-se o melhor e a maior quantidade de café para exportação do Brasil, nas plantações de terra roxa (nome derivado de rossa — vermelha, em italiano), ideal para o cultivo da planta.

 

Atualmente, o Brasil é considerado o maior produtor e exportador de café do mundo!

[1]

https://wise.com/br/currency-converter/ (pesquisado em 22/09/2025)

https://www.ninahotelgroup.com/en/nina-hotel-tsuen-wan-west/dining/cafe-circles (pesquisado em 22/09/2025)

https://www.littlecollinsnyc.com/ (pesquisado em 22/09/2025)

https://www.roulegalette.com.au/ (pesquisado em 22/09/2025)

https://www.sciasciacaffe1919.it/ (pesquisado em 22/09/2025)

https://share.google/sz6vOdtAFS7gNIkiy (pesquisado em 22/09/2025)

https://www.urbecafe.com.br/ (pesquisado em 22/09/2025)

http://www.andreadoce.com.br/ (pesquisado em 22/09/2025)

[2]

https://www.mercer.com/pt-br/insights/total-rewards/talent-mobility-insights/cost-of-living/#cost-vs-quality

[3]

https://www.paodeacucar.com (levantamento de preços do café em 23/09/2025)

[4]

https://www.youtube.com/watch?v=37Th9BCf1yE (pesquisado em 22/09/2025)

[5]

http://www.brasilescola.com/historia/o-cafe-no-brasil-suas-origens.htm

http://www.cafearanas.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=29&Itemid=14

http://www.infoescola.com/curiosidades/historia-do-cafe/

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