O LADO NEGRO DO SER
Minha mente demente castiga o meu corpo. Um corpo esquecido de vida.
Meus olhos só enxergam o vazio, e o silêncio consome meus dias.
Uma agonia visceral mastiga minha esperança lentamente...
Minhas unhas, todas roídas, em carne viva, deixam escapar fios de sangue pelos meus dedos.
Minhas mãos trêmulas e magras não conseguem sequer erguer um copo, um garfo.
Mas não preciso mais delas, não tenho ninguém para pedir ajuda, acenar, abraçar, afagar...
Meus cabelos caem como pranto, lágrimas fracas e finas, espalhadas pelas cobertas, travesseiros e chão.
Minhas narinas inspiram dor e minha pele expele fel pelos poros.
Da minha boca já não sai mais nenhum som.
Não há mais tempo para sentir.
Fugi de mim, e me escondi na escuridão mais negra do meu subconsciente.
Demente, fecho os olhos.
Não quero mais enxergar a vida.
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Interação de meu amigo poeta
Odir Milanez
A LOUCURA DO
NÃO SER
Mistificando a mim, joguei-me fora
antes que o nada me levasse ao fim.
Fiz-me de fim e fui, enfim, embora,
jogando fora o que restou de mim.
O meu ontem morrente me devora,
de penadas paixões um torvelim.
Não há mais nada meu vivendo agora.
Nada restou da vida de onde vim.
Só existo no espaço que inexiste,
onde nada de novo há de nascer,
onde o tempo trevoso a tudo assiste.
Na estação sem sol do desprazer,
passageiro nenhum... Ninguém resiste
à trilha terminal do entardecer.
Somente eu no trem trágico e triste
que me leva à loucura do não ser...
JPessoa/PB/25.11.2011oklima