
FUI ADOTADA POR UM CACHORRO
Há muitos anos, ainda menina, morria de medo de cachorro. Medo que começou após ter sido mordida por um. Os anos passaram, e nada desse medo ir embora.
Até que me casei e, num belo dia, o portão da minha casa estava aberto e eu no quintal. Então entrou um dog alemão e, claro, veio na minha direção e pulou.
Paralisei. Não conseguia me mexer, não conseguia gritar e suava frio. Meu marido apareceu como um milagre e chamou pelo cachorro, que era do vizinho. Colocou-o para fora com a maior calma — afinal, o cachorro era um amor. Abraçou-me, e eu chorava aos prantos, apavorada!
Depois desse vexame, resolvi que tinha que comprar um cachorro para perder o medo. Fiz inúmeras pesquisas na net e adorei a raça weimaraner, por ser extremamente dócil.
Dá para acreditar que estava com medo de segurar o filhotinho na caixinha, em meu colo? Pois estava. Os dias se passaram, e eu conversando com ele, pedindo paciência e para ele ensinar-me a perder o medo. Batíamos o maior papo. Dei-lhe o nome de Bob Marley, meu primeiro cachorro.
Já completamente apaixonada por ele, e como ele passava muito tempo sozinho, resolvi arranjar-lhe um irmão: o Holyfield, um pastor-belga maravilhoso.
Passaram-se mais alguns anos, Bob Marley cruzou e peguei um filhote, o Thor — dos três, o que mais aprontava. Bom, amo cachorro e não tenho mais nenhum medo. Meus três amigões me proporcionaram momentos inesquecíveis… Mas, infelizmente, já morreram, e sofri muito a perda de cada um.
Meu marido e eu resolvemos que não teríamos mais cachorro. Até que, em 2011, apareceu no meu quintal um vira-lata muito carinhoso. Não sabíamos se era de algum vizinho, pois estava de coleira. Colocávamos para fora, e ele entrava de novo.
Dei água, brinquei com ele e, mais uma vez, o coloquei para fora. Na manhã seguinte, ele estava no meu quintal. Quando me via, fazia até xixi de tanta alegria, não parava de pular e se jogava no chão. Malandro, como todo vira-lata.
Resultado: comprei ração, shampoo, ossinhos etc. e tal. Conversei com várias pessoas para saber se alguém conhecia o dono, e nada. Dei-lhe o nome de Robin Hood e, após alguns dias ele já atendia pelo nome. Muito esperto!
Quando abrimos o portão para sair com o carro, ele nem se atreve a ir para fora, fica bem na dele dentro do quintal. Uma figura!
Como entender essa escolha? Como entender o amor que ele passa ao me olhar? Como entender a alegria ao saltar, agarrar-me com as patinhas e seu latido ao nos ver chegar?
Fui adotada pelo Robin Hood, um vira-lata malandro, cheio de graça e muito carinhoso. Como resistir? Alguém pode me explicar?
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