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FLERTE

Entre tantos convidados, ela percebeu apenas um. Ele estava em um canto da sala, segurando um copo de uísque e conversava, sabe-se lá o quê. Ela não se importava, queria que ele virasse e percebesse sua presença. Ele tinha um estilo próprio: uma calça de linho solta, com uma camisa do mesmo tecido e um sapato todo estiloso — rústico e moderno ao mesmo tempo. Seu cabelo era de um dourado magnífico, todo desestruturado, nem curto, nem comprido. O sorriso iluminava o seu rosto, e os olhos eram de um verde-oceano.

Ela usava um vestido de crepe de seda leve, com rosas vermelhas estilizadas, que exaltava suas curvas. O rasgo lateral trazia ao seu caminhar uma sensualidade ora revelada, ora não. Nas costas, um decote profundo revelava uma pele bronzeada do sol e mechas de cabelo desprendidas de um coque meio solto, meio preso. Usava uma sandália vermelha, de salto altíssimo, toda aberta, apenas com duas tiras e duas pequenas pedras de diamante em cada uma delas. Um luxo! Seus olhos eram negros e amendoados, e seu sorriso era encantador.

Resolveu mudar de lugar e posicionou-se um pouco distante, mas de frente para ele. Após alguns minutos, ele, ainda absorto na conversa com um amigo, olhou em direção a ela, percebeu-a e voltou a conversar. Mas aquela imagem de apenas alguns segundos mexeu com ele. Ele olhou de novo — e agora sim, olhou mesmo. Os olhos, o detalhe dos fios de cabelo soltos, os pés sobre uma maravilhosa sandália, aquela pele bronzeada do sol… Ele nem mais escutava o que o amigo dizia, estava perdido na figura daquela mulher. Ela retribuiu o olhar. Os dois sorriram.

O amigo o cutucou e perguntou se ele ouvia o que estava falando. Ele pediu desculpas e dirigiu-se até ela. Ela começou a sentir suor nas mãos, uma sensação gostosa invadiu seu corpo. Tentou disfarçar, mas não havia mais tempo — seu corpo pulsava emoções do querer conhecer, de não saber como seria, da vontade de estar e não saber se aconteceria. Ele parou diante dela e ficou alguns segundos em silêncio e, sem dizer uma palavra, roubou-lhe um beijo.

Ela se entregou ao beijo — um beijo rápido, um encostar de lábios. Ele afastou um fio de cabelo que estava próximo ao rosto dela, sorriu e a convidou para dançar. Seus corpos, unidos e embalados pela voz magnífica de Ella Fitzgerald, estavam como que imersos um no outro. Ela tentou perguntar o nome dele; delicadamente, ele colocou o dedo sobre o seu lábio e acenou que não. Encostou seu rosto no dela e sussurrou em seu ouvido que não era preciso dizer uma palavra — apenas sentir. Ele queria apenas senti-la em seus braços.

A atração foi imediata. Eles se olharam, encostaram uma testa na outra, a mão dele deslizou sobre o decote do vestido dela, os olhares se cruzaram e eles se beijaram. Um beijo apaixonado. A música terminou, ele a segurou pela mão e caminharam em direção à saída. Saíram abraçados, cheios de paixão e prontos para protagonizarem mais uma linda história de amor — ou apenas uma inesquecível noite de amor.

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